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COVID-19 e a Saúde Mental (11): Estresse Autopercebido no Paraguai

A América do Sul tem se tornado, ao longo deste ano, o continente em que a pandemia da Covid-19 tem feito os maiores estragos, independente de quais indicadores se considere (número de casos, número de óbitos, taxas de letalidade e de mortalidade, entre outros), oca­sionando que o mesmo viesse a ser considerado o epicentro da doença. Pesquisador paraguaio, o Prof. Júlio Torales, e sua brilhante equipe de bra­sileiros, espanhóis e italianos, em artigo recente­mente publicado na Frontiers in Psychiatry, 2020, vol.11, investigaram, através de um questionário online, aplicado entre 10 a 15 de abril de 2020 na população paraguaia, a relação entre o estresse autopercebido e a quarentena na pandemia da Covid-19. Esse questionário, espalhado nas mídias sociais WhatsApp, Twiter e Facebook, alcançou 2206 participantes entre 18 e 75 anos de idade, independente de seu nível educacional.

A pontuação total desse questionário variou de 0 a 40. Pontuação variando de 0 a 13 podendo ser considerada baixo estresse percebido, ao passo que, escores variando de 14 a 26 indicava moderado estresse percebido e, de 27 a 40, indicando elevado estresse autopercebi­do. Em adição, os pesquisadores registraram também como os participantes forneciam resposta às seguintes questões; “Você já foi diagnosticado com uma desor­dem mental?”, “Em caso afirmativo, poderia indicar qual foi?”, “Você está recebendo algum tipo de trata­mento?”, “Em caso afirmativo, poderia indicar qual é o medicamento?”. Em relação às respostas obtidas, e de modo similar ao que tem ocorrido no restante do mundo, a população paraguaia participante estimou em 18, 10, aproximadamente, o seu estresse percebido, resultado, este, indicativo de um nível moderado de estresse percebido na população paraguaia. Ademais, foi encontrada uma associação significativa entre os altos níveis de estresse e o sexo feminino, estado civil solteiro e com a ocorrência de desordens mentais pré-existentes, especialmente ansiedade e depressão. Destacou-se, também, que 63,87% dos participantes com alguma desordem men­tal sofreram piora das mesmas na quarentena. Cumpre esclarecer que 12,42% dos participantes registraram um diagnóstico de desordem mental pré-existente, 7,93% registraram aumento dos sintomas pré-exis­tentes com o início da quarentena da Covid-19, bem como, 41, 97% tinham ansiedade e 54,38% não rece­biam qualquer tratamento específico.

Também, tal como encontrado em estudos simila­res na América Latina, neste estudo também as mulheres perceberam mais estresse do que os homens na quarentena, seja devido à maior sobrecarga afetivo-cognitiva, seja devido à maior sobrecarga emocional impostas às mesmas, ao longo das restrições que visavam mitigar a disseminação do Coronavírus. Em conjunto, o estudo sugere que em face do impacto estres­sante da pandemia da Covid-19, num nível moderado na população paraguaia, os serviços de saúde deveriam fornecer, de imediato, suporte social baseado em telemedicina e telepsicologia, via web e iphone, à população em geral a fim de amparar os cidadãos nas situações de impacto psico-comportamental ao longo da pandemia. Tais formas de intervenção podendo melhorar a eficácia e a acessi­bilidade de todos aos serviços de saúde mental no Paraguai, especialmente em tempos de distanciamento social.



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